3 de jun. de 2012


Após 34 anos de funcionamento, Paes fecha o Aterro de Gramacho

'O Rio não vai mais admitir as violências contra o meio ambiente', disse Paes.
Cerimônia contou com a presença da ministra do Meio Ambiente. 

Janaína Carvalho Do G1 RJ
Paes fecha o Aterro de Gramacho (Foto: Janaína Carvalho/G1) 
Paes fecha o Aterro de Gramacho (Foto: Janaína Carvalho/G1)

 

Foi em clima de festa que o prefeito Eduardo Paes colocou o cadeado na entrada do aterro sanitário de Gramacho neste domingo (3), o maior da América Latina. No local, funcionará a Usina de Biogás, que vai contribuir para o desenvolvimento sustentável da cidade, através do uso do biogás como substituto do gás natural. Além de fins energéticos, a usina também ajudará a reduzir o metano na atmosfera.

Um grupo de catadores também festejou o fechamento do lixão e a expectativa de vida para cerca de 1.700 pessoas que viviam do lixo.

"Hoje estou aqui para enterrar a roupa que usei para trabalhar aqui no lixão durante tantos anos. Tenho certeza que dias melhores virão. Foram muitos anos de sofrimento e exploração aqui", disse Roberta Alves, de 35 anos, 15 deles em Gramacho.
O prefeito Eduardo Paes disse que o ato simbólico de jogar o último caminhão de lixo em Gramacho e fechar o cadeado é para iniciar a Semana do Ambiente. "A partir de agora o Rio não vai mais admitir as violências contra o meio ambiente como foi esse crime ambiental por mais de 30 anos aqui em Gramacho", afirmou Paes, ressaltando que nos próximos 15 anos o município vai aplicar R$ 2 bilhões no tratamento de resíduos sólidos.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, também esteve no local.

"Nada vai apequenar a participação do Rio como sede da Rio+20. O governo do Rio vai fechar todos os aterros do entorno da Baía de Guanabara. Isso é um grande avanço para a área ambiental e para o país. Vamos usar esse modelo para encerrar todos os lixões do país", disse a ministra, ressaltando que para resolver a questão do lixo é preciso aliar o consumo consciente à destinação adequada do lixo e à reciclagem.

O Aterro de Gramacho recebia, até abril de 2011, aproximadamente 9.500 mil toneladas de lixo domiciliar por dia, sendo 75% provenientes do Rio e 25% dos municípios de Duque de Caxias, São João de Meriti, Nilópolis, Queimados e Mesquita. A partir de agora, o lixo que era levado para Gramacho passa a ser transferido para a Central de Tratamento de Resíduos de Seropédica.

Para o presidente da Associação dos Catadores do Aterro de Gramacho, Sebastião Santos, o sentimento com o fechamento do aterro traz uma sensação de vitória e de boas perspectivas para o futuro. “Gramacho se encerra, mas a gente não encerra junto. Agora é pensar no bairro, na saúde, na educação e na capacitação desses catadores. Um grande passo foi dado hoje, mas temos que continuar o trabalho, ainda há muito o que fazer”, ressaltou Tião. Segundo ele, um pólo de reciclagem está sendo construído em Gramacho e cerca de 500 catadores serão empregados no local.

Alguns catadores, no entanto, contestam e dizem ter medo de não conseguir sustentar a família daqui para frente. “Queria continuar trabalhando no aterro, pois dali tirei o meu sustento durante 33 anos. Agora, com o dinheiro da indenização, pensamos em abrir um negócio”, disse a Marilúcia Nascimento, 49 anos.

Lista com nomes de catadores gera polêmica

A lista com os nomes dos catadores que teriam direito a receber a indenização do governo tem causado polêmica entre o grupo. “Trabalhei 15 anos aqui na rampa de Gramacho e meu nome simplesmente não está na lista. E não sou a única que trabalhou e ficou de fora dessa lista. Já procurei a prefeitura, a Caixa, tento falar com a associação, mas um empurra para o outro. Mas eu vou lutar até o fim, a gente precisa de uma solução, isso não é justo”, afirma Lindalva Alves da Silva, exibindo um cartão de catadora que, segundo ela, foi emitido pela Comlurb.

Na sexta-feira (1°), os catadores do aterro sanitário de Gramacho começaram a receber o cartão da Caixa Econômica Federal para sacar a indenização de R$ 14 mil. A verba de R$ 23 milhões foi dividida entre os 1.603 incluídos na lista entregue pela Associação de Catadores de Gramacho.

O G1 tentou contato com o presidente da Associação dos Catadores do Aterro de Gramacho, responsável pela inclusão dos nomes dos catadores que teriam direito a receber a indenização, mas até as 14h50 não conseguiu contato.

Faetec inaugura Canteiro Escola para capacitação de catadores

A partir de segunda-feira (4), a Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), estará com matrículas abertas para diversos cursos. A unidade, que foi inaugurada no sábado (2), pretende capacitar mais de 1.300 pessoas até o fim de 2012.

O objetivo é requalificar os profissionais que dependiam das atividades econômicas da área do lixão, principalmente os catadores de materiais recicláveis. A seleção para as vagas acontecerá por sorteio, em 16 de junho, de 8h às 17h, de segunda a sexta-feira. O início das aulas será no dia 25 deste mês.

O fechamento gradativo do aterro sanitário de Gramacho começou em abril de 2011 e estava programado para terminar em junho deste ano. A prefeitura, no entanto, chegou a antecipar o fechamento para abril, mas depois adiou para maio o fim das atividades no aterro.
Paes lacra Gramacho (Foto: Janaína Carvalho/G1) 
Ato simbólico de jogar o último caminhão de lixo em Gramacho é para iniciar a Semana do Ambiente, disse o prefeito  (Foto: Janaína Carvalho/G1)
 
Retirado do site: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/06/apos-34-anos-de-funcionamento-paes-fecha-o-aterro-de-gramacho.html

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